segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Séries fotográficas

Durante as oficinas do projeto Elaborando uma Escrita Audiovisual Maxakali, além da filmadora de que a aldeia Vila Nova passou a dispor, a câmera fotográfica da monitora das oficinas também fora bastante utilizada, tanto para filmagens quanto para fotografia. Trata-se de uma DSLR, compacta e leve, e portanto fácil de transportar.
Bastaram alguns testes de uso do foco, da abertura, para que João Duro Maxakali e Marilton Maxakali se assenhorassem da mesma durante quase todo o tempo em que encontraram-na disponível, produzindo uma série incrível de imagens não só de rituais, mas de cenas da aldeia, de mulheres e crianças, de caçadas, pescarias.
Vamos expor essas fotografias aqui separando-as em algumas séries.

1- Série fotográfica I. Caça e pesca no brejo. Marilton Maxakali.

Marilton Maxakali acompanhou homens e mulheres na caça e na pesca com minha câmera, e fez muitas fotografias, além de algumas filmagens, que resultaram em seu primeiro filme-exercício: captura e cinema no brejo.
Algumas dessas fotografias foram selecionadas para a exposição Segue-se ver o que quisesse, realizada pela Fundação Clóvis Salgado, no Palácio das Artes e outras galerias pela cidade de Belo Horizonte. Com curadoria do fotógrafo e diretor do Centre de la Photographie Genéve (Suíça), Joerg Bader, as obras dessa exposição configuram um registro da vida cotidiana de Minas Gerais, feito por meio de produções fotográficas.
São imagens que revelam uma autonomia e uma intimidade surpreendentes com o suporte fotográfico, com o lugar da câmera, os olhares do fotógrafo e dos fotografados. É como se cada uma delas nos confirmasse que a presença do Marilton ali, fotografando, fosse indispensável para que o que vemos realmente existisse. O gesto cotidiano de captura no brejo é reafirmado através da escrita dessa imagem, como se só assim fosse possível reviver esse gesto, repeti-lo, trazer esse ritual, transformado pela câmera, ao nosso mundo.












































































Mesmo que incompatível com a intervenção, num sentido físico, usar uma câmera é ainda uma forma de participação. Embora a câmera seja um posto de observação, o ato de fotografar é mais do que uma observação passiva.” (Sontag, p.13)
 
SONTAG, Susan – Na caverna de platão. In.: Sobre fotografia